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O método Violar: percepções a partir de uma análise objetiva-conceitual e de depoimentos em um estud

Assim como as formas de estruturação da linguagem influenciam a percepção e os níveis de abstração do pensamento humano, também é possível cogitar, comparativamente, que os meios que veiculam as informações também condicionam a nossa apreensão dos fatos e a maneira como nos relacionamos com o meio. Isto é, a resolução e, ao menos, a enunciação de certos problemas depende de determinadas técnicas e da natureza dos sistemas de signos utilizados.

Posto isso, o presente trabalho propõe-se a discutir questões pertinentes ao processo de ensino e aprendizagem de música, a partir da reflexão sobre materiais didáticos de apoio à prática instrumental. Para tal, foi escolhido o método de violão Violar: aprendizagem e ensino do violão sob a dependência sensível das condições iniciais (2006), engendrado pelo mineiro Teodomiro Goulart, pelo fato dele se diferenciar dos métodos de ensino mais tradicionais ao apresentar uma estrutura aberta, que estimula uma interação mais criativa e dialógica por parte do usuário.

A exposição deste trabalho está dividida em dois estratos que são desenvolvidos polifonicamente, de forma que um sobrepõe o outro complementarmente: no cantus firmus é proposto uma análise documental das componentes e particularidades constitutivas desta “caixa de ferramentas didática”, tanto ao nível objetivo quanto à dimensão simbólica-conceitual, pensada a partir de ideias como “obra aberta” (ECO, 1991), “rizomas”, “agenciamento” e “princípios cartográficos” (DELEUZE; GUATTARI, 2011); “linguagem gerativa” (COHEN, 2002); “pensamento da complexidade” (MORIN, 2005), entre outros. Enquanto, nos contrapontos, são apresentados os seguintes resultados, decorrentes de uma abordagem metodológica de investigação-ação educacional em que o Violar foi trabalhado com cinco violonistas alunos de graduação em Música: (i) exemplos das práticas que aí foram desenvolvidas; (ii) depoimentos concedidos pelos participantes em entrevistas semiestruturadas; e (iii) trechos extraídos de uma entrevista realizada com o autor do método, Teodomiro Goulart.

De forma sintética, percebeu-se que a utilização do Violar incentivou a adoção de uma postura criticamente ativa e de decisões tomadas de forma refletida e consciente por parte dos participantes. Por estar baseado nos princípios de problematização e estímulo à criatividade, questões concernentes aos aspectos do “como” e “porquê” tornaram-se tão relevantes quanto “o que” foi realizado. Além disso, seu uso contribuiu para assegurar a autonomia e o respeito à identidade de cada estudante ao articular tanto suas preferências estéticas quanto suas aptidões técnicas, de forma que eles pudessem protagonizar a construção de seus próprios saberes.

Assim, este trabalho visa contribuir na reflexão sobre a aplicação de materiais didáticos e abordagens pedagógicas ainda pouco ortodoxas na educação musical, vislumbrando outras possibilidades de se experimentar, aprender e ensinar a tocar violão.

Palavras-chave: Violar. Métodos de instrumentos musicais (violão). Abordagens não ortodoxas no ensino e aprendizagem da Música.

Referências bibliográficas:

COHEN, Renato. Performance como linguagem. São Paulo: Perspectiva S.A, 2002.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia (vol. 1). 2a edição. São Paulo: Editora 34, 2011.

DUARTE JÚNIOR, João Francisco. O que é beleza (experiência estética). São Paulo: Brasiliense (col. Primeiros Passos, nº 50), 2000.

ECO, Umberto. 1991. Obra aberta. 8a edição. São Paulo: Perspectiva S.A.

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Editora Perspectiva, 2005.

NACHMANOVITCH, Stephen. Ser criativo: o poder da improvisação na vida e na arte. São Paulo: Summus, 1993.

WISNIK, José Miguel. 2002. O som e o sentido: uma outra história das músicas. São Paulo: Companhia das Letras.

ZAMBONI, Silvio. A pesquisa em arte: um paralelo entre arte e ciência. 2a edição. Campinas: Autores Associados (Coleção polêmicas do nosso tempo; 59), 2001.

ZAMPRONHA, Edson S. Notação, representação e composição: um novo paradigma da escritura musical. São Paulo: Annablume / Fapesp, 2000.


Para acesso ao texto completo da dissertação:

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