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APRECIANDO A MÚSICA E O POPULAR: A APRECIAÇÃO MUSICAL COMO FERRAMENTA DE INVESTIGAÇÃO SÓCIO CULTURA

O presente resumo pretende relatar de maneira breve um trabalho realizado durante 4 intervenções pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) - subprojeto Música - da Universidade Federal de São João Del Rei em uma classe de segundo grau de uma escola pública envolvendo a apreciação musical do gênero sertanejo, relacionando-o com alguns levantamentos culturais apontados durante aulas anteriores da disciplina Artes aliado a vivências dos próprios alunos, afim de obter assim uma compreensão mais ampla da construção e consolidação desta classificação musical desde sua primeira gravação em 1929 até os dias de hoje.


Escolhido democraticamente através de votação acompanhada de justificativa, os discentes optaram por trabalhar o “sertanejo universitário”, um subgênero da música popular surgido no começo deste século que tem obtido grande projeção e destaque dentro da média de idade da classe sendo isso atribuído aos meios de comunicação, de acordo com eles mesmos. Com base no veredito, foram escolhidos 3 referenciais para fundamentar a próxima etapa do trabalho: as referências do multiculturalismo de Penna (2005) associadas ao estudo das representações sociais aliadas a apreciação musical de Moreira (2010), bem como as definições e classificações de gênero dentro da música popular brasileira por Carvalho (1999). Assim sendo, foram apresentados à turma na intervenção seguinte exemplos de composições do gênero datadas de sua origem no fim da década de 1920 até o fim da primeira metade do século XX, a chamada “música caipira” (denominação essa usada propositalmente, devido seu emprego erroneamente pejorativo).


Após apreciados os exemplos, foram elaboradas atividades relacionadas ao material sonoro, como pulsação, texturas, cadências harmônicas, duetos e quadraturas eram agregadas ao estudo social dos compositores e intérpretes destas obras, como temática das letras e suas variações, empostação da voz, instrumentos utilizados, qualidade da gravação, sotaques e outras características de regionalismos encontrados em outras expressões musicais. Ao serem questionados sobre a possível influência da Semana da Arte Moderna de 1922, a professora regente prontamente se ofereceu para recapitular o conceito de antropofagia, bem como os desdobramentos da Semana de 22 para valorização da cultura brasileira sui generis.


Numa segunda apreciação (aula 3), foram apresentadas aos alunos canções da mesma classificação musical que foram gravadas até o fim da década de 1970. A qualidade do áudio e a inserção de instrumentos do grupo de cordas e metais como trompetes e violinos foram notadas rapidamente, bem como a mudança de temáticas do homem do campo que em alguns passara a cantar as dores do êxodo rural. Questionamentos com relação ao posicionamento político das composições em plena Ditadura Militar bem como semelhanças com os títulos do brega, influências da Jovem Guarda, Bossa Nova e dos meios televisivos também foram levantados. Quanto aos registros das décadas de 80 e 90 foi apontado por eles a influência de diversos e com outros tipos de gêneros, como rock (guitarras distorcidas), country (lap steel), músicas latinas (duetos de violão, percussão e versões português-espanhol da mesma peça), além de observarem uma temática que pouco se relacionava com seu referencial lírico.


Para abordar o “sertanejo universitário”, então no desfecho do cronograma, foi feito todo um resgate das observações feitas sobre a música caipira até o início dos anos 2000 para estabelecer uma melhor comparação/discussão sobre o mesmo, a começar pela definição do mesmo. Foi comentado espontaneamente pela classe a semelhança entre os gêneros forró e arrocha com o tema da aula, principalmente no que se diz a repetição de cadências harmônicas e células rítmicas. Questões relacionadas ao feminismo e ao empoderamento da mulher foram muito bem colocadas por algumas alunas, destacando o papel da mulher quanto as letras, além de seu protagonismo como compositora e intérprete. Devido à grande adesão da classe as atividades, a regente considerou tornar as mesmas como avaliativas dentro do bimestre, atribuindo pontuação a mesma dentro do bimestre.

Referências Bibliográficas:

CARVALHO, José Jorge de. Transformações da sensibilidade musical contemporânea. Série Antropologia, nº 266, Brasília, 1999. Disponível em: http://www.unb.br/ics/dan/Serie266empdf.pdf. Acesso em: Julho/2017

MOREIRA, Lúcia Regina de S. Representações Sociais: Caminhos Para a Compreensão da Apreciação Musical. I Simpósio Brasileiro de Pós-Graduandos em Música - XV Colóquio do Programa de Pós-Graduação em Música da UNIRIO. 283 – 291. 2010

PENNA, Maura. Poéticas musicais e práticas sociais: reflexões sobre a educação musical diante da diversidade. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 13, 7-16, set.


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